sábado, 17 de novembro de 2012

Ser ou não ser bibliófilo, eis a questão?


Ser ou não ser bibliófilo, eis a questão?

Por Tatyanne Valdez *

            Biblioteca é uma palavra que deriva do grego bibliothéke, já no latim, tornou-se bibliotheca, ou seja, lugar onde se guardam os livros. Lugar de memória, lugar de história, lugar de informação e produção de conhecimento. Lugar onde os bibliófilos passam várias horas folheando os livros.
            Bibliófilo é uma palavra originada do grego, biblion – livro e philos – amor por algo, isto é, são aqueles indivíduos que tem amor pelos livros. Amam como os amantes enamorados. Ah, como seria bom se todos os leitores fossem bibliófilos! Os livros seriam amados, conservados e durariam de geração a geração. Conserva-se um livro para ser usado e não guardado a sete chaves.
Ah, como seria bom se todos os leitores fossem bibliófilos! Não existiria livro rabiscado, rasgado, com orelha, restos de comida, manchas de gordura... Nada impede ao leitor de ir a biblioteca, um lugar de cultura e lazer, mas essa maneira de manusear o livro impede o leitor de ler.
Um verdadeiro bibliófilo contagia os outros a lerem... Um exemplo disso que eu pude registrar foi quando uma professora começou a contar a história de um livro infantil para os seus alunos e o desfecho enigmático ela deixou para ler na próxima aula. Devido o ocorrido toda a turma foi até a biblioteca do colégio buscar o livro que a professora havia iniciado a leitura...
Incentivar uma pessoa de qualquer idade a ser um bibliófilo não é uma tarefa fácil, depende de ações para motivar a gostar de ler.  Sendo assim, para sensibilizar o gosto pela leitura é importante entender a sua relação com a etimologia da palavra "saber". Do latim "sapere" tem vários significados o qual destaco o significado ter "sabor", conhecer através do paladar, ter gosto. Então, para ter o gosto pela leitura é muito bom saborear as palavras, deliciarmos as histórias e as novas descobertas nos livros,  aumentando o nosso conhecimento.  Não é à toa que a Emília personagem de Monteiro Lobato no livro, A reforma da natureza, pretende transformar os livros em pão! Assim, todas as famílias de qualquer classe social podem saborear os livros.
Livros são tesouros que fazem parte da herança cultural de um povo e poucas pessoas reconhecem esse valor. Mas, o bibliófilo brasileiro José Ephim Mindlin, que faleceu em São Paulo, 8 de setembro de 1914 e faleceu em 28 de fevereiro de 2010, reconheceu a importância da produção intelectual para uma nação. Mindlin ao longo de sua vida foi um apaixonado pelos livros, aos 13 anos começou a formar sua coleção que foi considerada uma das mais importantes bibliotecas privadas do país, chegando a ter 38 mil títulos. Parte do seu acervo foi doado para a Biblioteca Brasiliana da Universidade de São Paulo (USP). Desta maneira, muitos leitores têm a oportunidade de obter acesso a vasta riqueza de informações dessa coleção.
Se todos os leitores fossem bibliófilos, um livro usado duraria muito mais tempo e o Brasil realmente seria considerado um país que lê.  E você é ou não é um bibliófilo? Quer uma sugestão? Comece a ser dando livros como presentes!

 Referências

ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS. José Mindlin. Disponível em: . Acesso em: 30 out. 2012.
LOBATO, Monteiro. A reforma da natureza. São Paulo: Globo, 2009.
MILANESI, Luís. Biblioteca. São Paulo: Ateliê Editorial, 2002.
PRADO, Heloísa de Almeida. Organização e administração de bibliotecas. 2. ed. rev. São Paulo: T. A. Queiroz, 2003.
SARAIVA, Juracy Assmann (Org.). A situação da leitura e a formação do leitor.   In: ______. Literatura e alfabetização: do plano do choro ao plano da ação. – Porto Alegre: Artmed, 2001. (p. 23 – 27)


* Tatyanne Valdez é Bibiotecária da Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ, contadora de história, especialista em Formação de Leitores com ênfase em Ação Cultural na Biblioteca Escolar. Sócia correspondente do Ateneu Angrense de Letras e Artes. Edita o blog: http://bibliotecaearte.blogspot.com

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