Ser ou não ser bibliófilo, eis a questão?
Por Tatyanne Valdez *
Biblioteca é uma palavra que deriva do grego bibliothéke,
já no latim, tornou-se bibliotheca, ou seja, lugar onde se guardam os
livros. Lugar de memória, lugar de história, lugar de informação e produção de
conhecimento. Lugar onde os bibliófilos passam várias horas folheando os
livros.
Bibliófilo é uma palavra originada do grego, biblion
– livro e philos – amor por algo, isto é, são aqueles indivíduos que tem
amor pelos livros. Amam como os amantes enamorados. Ah, como seria bom se todos
os leitores fossem bibliófilos! Os livros seriam amados, conservados e durariam
de geração a geração. Conserva-se um livro para ser usado e não guardado a sete
chaves.
Ah, como seria
bom se todos os leitores fossem bibliófilos! Não existiria livro rabiscado,
rasgado, com orelha, restos de comida, manchas de gordura... Nada impede ao
leitor de ir a biblioteca, um lugar de cultura e lazer, mas essa maneira de
manusear o livro impede o leitor de ler.
Um verdadeiro bibliófilo
contagia os outros a lerem... Um exemplo disso que eu pude registrar foi quando
uma professora começou a contar a história de um livro infantil para os seus
alunos e o desfecho enigmático ela deixou para ler na próxima aula. Devido o
ocorrido toda a turma foi até a biblioteca do colégio buscar o livro que a
professora havia iniciado a leitura...
Incentivar uma pessoa de qualquer idade a
ser um bibliófilo não é uma tarefa fácil, depende de ações para motivar a
gostar de ler. Sendo assim, para
sensibilizar o gosto pela leitura é importante entender a sua relação com a
etimologia da palavra "saber". Do latim "sapere" tem vários
significados o qual destaco o significado ter "sabor", conhecer
através do paladar, ter gosto. Então, para ter o gosto pela leitura é muito bom
saborear as palavras, deliciarmos as histórias e as novas descobertas nos
livros, aumentando o nosso conhecimento. Não é à toa que a Emília
personagem de Monteiro Lobato no livro, A reforma da natureza, pretende
transformar os livros em pão! Assim, todas as famílias de qualquer classe
social podem saborear os livros.
Livros são
tesouros que fazem parte da herança cultural de um povo e poucas pessoas
reconhecem esse valor. Mas, o bibliófilo brasileiro José Ephim Mindlin, que faleceu
em São Paulo, 8 de setembro de 1914 e faleceu em 28 de fevereiro de 2010,
reconheceu a importância da produção intelectual para uma nação. Mindlin ao
longo de sua vida foi um apaixonado pelos livros, aos 13 anos começou a formar
sua coleção que foi considerada uma das mais importantes bibliotecas privadas
do país, chegando a ter 38 mil títulos. Parte do seu acervo foi doado para a
Biblioteca Brasiliana da Universidade de São Paulo (USP). Desta maneira, muitos
leitores têm a oportunidade de obter acesso a vasta riqueza de informações
dessa coleção.
Se todos os
leitores fossem bibliófilos, um livro usado duraria muito mais tempo e o Brasil
realmente seria considerado um país que lê. E você é ou não é um bibliófilo? Quer uma
sugestão? Comece a ser dando livros como presentes!
ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS. José Mindlin. Disponível em: . Acesso em: 30
out. 2012.
LOBATO, Monteiro. A reforma da
natureza. São Paulo: Globo, 2009.
MILANESI, Luís. Biblioteca.
São Paulo: Ateliê Editorial, 2002.
PRADO, Heloísa de Almeida. Organização
e administração de bibliotecas. 2. ed. rev. São Paulo: T. A. Queiroz, 2003.
SARAIVA, Juracy Assmann (Org.). A situação da leitura e a
formação do leitor. In: ______. Literatura e alfabetização: do plano do
choro ao plano da ação. – Porto Alegre: Artmed, 2001. (p. 23 – 27)
* Tatyanne Valdez é Bibiotecária
da Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ, contadora de história,
especialista em Formação de Leitores com ênfase em Ação Cultural na Biblioteca
Escolar. Sócia correspondente do Ateneu Angrense de Letras e Artes. Edita o
blog: http://bibliotecaearte.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário